23 Apr 2012

Novelas atuais têm semelhanças demais


 

 Protagonista de novela das nove é empregada. Foto:Divulgação
Ainda que a tendência popular da Globo seja vista como uma vitória para a chamada classe C, ela anda deixando as novelas da emissora muito parecidas. Ao ver Chayene (Cláudia Abreu) jogando comida na cara de Penha (Taís Araújo), sua ex-fiel empregada na estreia de "Cheias de Charme" , foi difícil não lembrar que, quatro dias antes, Carminha (Adriana Esteves) humilhava a cozinheira Nina (Débora Falabella) ao fazê-la esfregar o chão que ela sujou de propósito. Se não fosse Jorginho (Cauã Reymond)...
Tanto a trama das sete como a das nove têm mocinhas que são empregadas e patroas vilãs, que vamos dizer a verdade, são tão carismáticas e divertidas que fica difícil odiá-las. Aliás, já estão dizendo que se Cláudia Abreu estivesse no papel de Carminha, iria arrasar . E se Adriana fosse a explosiva Chayene  também. Além disso, ambas as tramas têm ritmos que estão na boca do povo, mas que demoraram para abraçar as novelas. O tecnobrega de "Cheias de Charme" já não é mais novidade, o charme de "Avenida Brasil" é uma coisa antiga (o que os cariocas chamam de baile charme, em São Paulo recebe o nome de baile black) e não tem nada a ver com a dança do Kuduro.
 

Protagonistas de "Cheias de Charme" fazem quase tudo na casa das patroasFoto:Reprodução

Ritmos à parte, existem outras coincidências entre as tramas atuais, independentes de serem destinadas a um determinado público.  Em "Amor Eterno Amor", por exemplo, o mocinho da história foi sequestrado ainda criança e passou o pão que o diabo amassou com um padrasto do mal, que só faltava morar no lixão de tão pobre. A novela das nove também fala de um amor de infância e de uma protagonista que teve a vida marcada por conta de uma madrasta que não mediu escrúpulos para sair da pobreza. Nas duas produções, o flashback ( da época da infância) é muito comum. Claro que o jeito de contar as histórias é diferente, mas não deixa de ser uma semelhança.
 


Amor de infância na novela das seis e na das nove. Foto:Divulgação
E os espíritos da novela das seis? Há pouco tempo eles reinavam no folhetim de Miguel Falabella. Ou alguém se esqueceu de mãe Iara (Claudia Jimenez) e seus amigos fantasmas em "Aquele Beijo"? Bom, mas essa é uma característica da autora Elizabeth Jhin, basta lembrar de "Escrito nas Estrelas".  A repetição de papéis também é um fato que vale ser registrado. O ótimo Alexandre Borges fazendo papel mulherengo não é mais novidade. Nathália Dill já fez a  menina gente fina e destemida que é rejeitada pelo mocinho em "Cordel Encantado", que, aliás era interpretado por Cauã. E alguém já notou que quando Jorginho bebe demais ou está tendo ataques de sonambulismo, lembra o viciado Danilo de "Passione"?
Já tem gente dizendo que "Cheias de Charme" tem a base do sucesso "Quatro por Quatro". Na novela de Carlos Lombardi, as protagonistas se conheciam numa prisão e fizeram um pacto para se vingar de seus "homens".  Na novela das sete, o pacto é alcançar a fortuna, a fama.  E não só as ideias, mas os erros também podem se repetir. Em "A Favorita",  João Emanuel Carneiro (autor da atual novela das nove) praticamente esqueceu os outros núcleos da história. Ele focou no que fazia sucesso, ou seja, Flora (Patrícia Pillar) e Donatella (Cláudia Raia). Taís Araújo e José Mayer foram esquecidos na trama . Se Carneiro não agir rápido, o mesmo pode ocorrer com a ótima Déborah Bloch, com Carolina Ferraz e o próprio Alexandre. Bom, mas aí já é papo de noveleira de carteirinha (e saudosista)...

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